A sala era pequena, abafada e totalmente desprovida de iluminação natural. Tinha apenas uma escrivaninha velha posta ao meio da sala, em seu encaixe ficava uma cadeira, sobre a escrivaninha repousava uma velha maquina de escrever com algumas folhas ao seu lado, e no teto havia uma lâmpada antiga, daquelas que se acendiam sem interruptor na parede.
Aquilo era tudo para o senhor Rafael Mendes, que era investigador de polícia, mas como sua cidade era pequena e pacata, e o serviço era pouco, ele permanecia na delegacia apenas quando estava de plantão, caso contrário, era naquela sala ao fundo de sua casa que ele gostava de passar as suas horas.
Costumava ficar 12 horas diárias escrevendo seus contos que nunca ninguém lera, não por falta de interesse dos companheiros de trabalho, mas porque ele nunca revelara o que ele gostava de escrever.
Sábado, 1 de novembro de 1997.
Era seu dia de ficar no plantão da delegacia, junto com o seu melhor amigo, o carcereiro Joaquim.
Sempre que ficavam juntos no plantão, a festa estava pronta para eles. Alugavam filmes e passavam a noite inteira assistindo.
Mas aquela noite havia começado diferente, o Rafael não tinha alugado filmes, chegou à delegacia apenas com uma pasta de couro, aparentemente cheia.
Quando todos já tinham se retirado, Rafael sentou-se relaxadamente na cadeira da sala do plantão colocando seus pés sobre a mesa de madeira que ficavam as ocorrências registradas no dia, colocou a pasta de couro preto sobre seu colo, a abriu, e retirou um punhado de folhas grampeadas, estendendo a mão e entregando as folhas ao Joaquim, que estava ao seu lado.
_ O que essas ocorrências fazem com você? – perguntou Joaquim.
_ Joaquim, eu preciso lhe contar um segredo! – disse Rafael, com a voz rouca, e quase inaudível.
_ Não vá me dizer que você roubou essas ocorrências porque é um psicopata, e procura inspiração para matar alguém. – Joaquim ria como um piadista, que de fato era.
_ O caso é sério, Joaquim. Não faça piadas, por favor!
Joaquim aquietou-se ouvindo o que o amigo tinha a lhe dizer.
_ Joaquim, você se lembra do caso do Cidão?
_ Claro que lembro! Coisa estranha, Causa mortis: asfixia. Sem hematomas, sem nenhuma lesão corporal, sem entorpecentes, ele simplesmente parou de respirar.
_ Pegue a terceira ocorrência, dessas que eu te passei!
_ É a ocorrência do Cidão!
_ Sim, é a ocorrência do Cidão; não percebe nada de estranho nessa ocorrência?
_ Como já disse, o motivo da morte do Cidão.
_ Não Joaquim, repare nas letras da ocorrência, na folha, não é a que usamos aqui no plantão.
_ Sim, a folha é pouco maior que a nossa, e ela foi datilografada a maquina.
_ E aparenta ser de mais ou menos quanto tempo, Joaquim?
_ Aparenta ter sido datilografada a um ano, mais ou menos.
_ Exato! E de quando é essa ocorrência?
_ Três semanas?
_ Sim, Três semanas. Joaquim, eu posso estar ficando louco, mas todas essas ocorrências eu registrei exatamente um ano antes de acontecer. É isso que eu fico fazendo em casa, registrando ocorrências que acontecerão um ano depois.
_ Rafael, o que exatamente você está querendo dizer? Que você é algum tipo de vidente?
_ Sim, Joaquim. É exatamente isso.
Joaquim sentou-se com expressão de assustado, não conseguia pronunciar uma palavra sequer.
Rafael fez o mesmo que o amigo, não sabia o que falar também.
Permaneceram por algum tempo um olhando para o outro, até o silencio ser cortado pelo Joaquim.
_ Rafael, porque escondestes tanto tempo esse seu ‘dom’? Poderíamos estar combatendo crimes, evitando acidentes, e essas coisas todas que acontecem diariamente. Diga Rafael, o que ira acontecer amanhã? Perguntava Joaquim com tom de entusiasmo.
_ Joaquim, acalme-se. Não lhe contei antes por causa de um sonho que eu tive quando comecei a ter essas premonições. Sonhei que estava em um lugar vazio, calmo e cheio de neblina, era como se fosse uma cidade abandonada, e nesse lugar tinha mais uma pessoa além de mim, não sei ao certo quem era, mas ele me disse que eu nunca poderia revelar isso a ninguém, e muito menos interferir nos acontecimentos, se eu ousasse infringir uma dessas ‘regras’, eu sofreria sérias conseqüências, e lógico, nunca quis saber que conseqüências eram essas.
Joaquim estava assustado com o que o amigo estava falando. Estaria ele dizendo a verdade?
_ Mas me diga Rafael, você não podia contar isso a ninguém, porque então está me contando? Quer descobrir quais são as conseqüências? Dizia Joaquim sem perder a oportunidade de fazer uma piada.
_ Joaquim, primeiramente, já pedi para que você pare com suas piadas; depois, eu estou te contando porque gosto muito de você, e não quero te perder.
Joaquim assustou-se com a resposta do amigo, mas nada disse para não o interromper.
_ Joaquim, você vai morrer daqui a dois dias, e eu estou disposto a fazer de tudo para evitar que isso aconteça, nunca fiz isso antes, então, não tenho experiência de se irá dar certo, mas tentaremos.
Joaquim estava tremulo naquele momento. Sim, o amigo estava dizendo a verdade, conhecia muito bem aquele sujeito, sabia o quão sério ele era.
_ Como irei morrer? Quis saber Joaquim
_ Você não irá morrer Joaquim, eu não permitirei isso.
_ Mas se caso aconteça, como será minha morte?
_ Vitima da violência. Você será seqüestrado, amarrado em um galpão abandonado, irão te pedir informações sobre seu passado, você se negará a fornecer, e então, receberá um tiro.
_ E como você fará pra me livrar dessa, Rafael?
_ Já pensei nisso Joaquim. Eu sei em qual galpão irão te levar. Ficarei lá, escondido, esperando te levarem. Quando você já estiver amarrado, eu atiro no seqüestrador, e te solto. Daí para frente, não sei o que fazer. Agora você, é só seguir seu dia normalmente, a morte lhe procurará.
Joaquim chegou em casa, estava triste, não tinha certeza da eficácia do plano do amigo. Não quis comer, então foi direto para cama, o relógio indicava 12:35. Sua mulher o perguntou se ele estava bem, ele respondeu meneando a cabeça de modo a afirmar. As únicas palavras por ele pronunciadas foram:
_ Estou cansado, preciso dormir.
Já passava das 19 horas quando Joaquim acordou, ainda estava muito assustado com o que o amigo dissera, e para piorar tinha tido um pesadelo sobre o assunto.
Joaquim levantou-se e dirigiu-se à cozinha a fim de preparar algo para comer, ele precisava se alimentar, já estava a algum tempo sem nada comer, e precisaria estar bem alimentado para enfrentar o que o dia seguinte lhe reservara.
Com sua filha e com sua mulher, ele tentava agir normalmente para não preocupa-las.
Joaquim sempre fora muito religioso, e enquanto sua família ficava posta à sala assistindo à programação aberta que passava, ele rezava cabisbaixo para ninguém perceber sua preocupação.
Se tudo ocorresse bem, ele deveria sua vida ao amigo que lhe salvara.
Mas não era hora de pensar em retribuições; sua vida estava em contagem regressiva.
Era mais de meia noite quando todos já tinham se deitado, ele, como já havia dormido a tarde inteira por causa do plantão que tivera na noite anterior, não estava com sono, então ficou um pouco mais na sala da residência, indo se deitar somente após as duas da manhã.
No dia seguinte poderia dormir até a hora desejada, pois era sua folga.
Domingo, 2 de novembro de 1997
Após Joaquim acordar, levantou-se e viu o lindo sol que já havia aparecido, ouvia atentamente o canto dos pássaros e observava as flores lindas, frutos de uma bela primavera. Pode perceber o quão frágil era a vida. Naquele momento, percebia a perfeição da natureza, e os quão ignorantes eram os homens.
Seu olhar triste revelava que ele estava de luto antes de seu próprio velório.
De alguma forma, sentia a morte se aproximar lentamente.
Sabia que aquele seria seu ultimo dia de vida.
Não sabia que hora ele pereceria no dia seguinte. O amigo Rafael preferiu não lhe revelar, para que deixasse o livre arbítrio agir.
Aquele não era um domingo comum. Ele não saíra com sua esposa e com sua filha para se divertir, mas deixou que elas saíssem sozinhas, ele queria ficar só para refletir sobre seus erros, ao longo de sua vida.
A noite não tardou ao chegar.
Com sua família de volta em casa, Joaquim beijou o rosto de sua filha, disse a ela que a amava, e não se contendo, derrubou algumas lágrimas, que passaram imperceptíveis aos olhos dela.
Deitou-se ao lado de sua esposa, e adormecera.
Segunda-feira, 3 de novembro de 1997.
Joaquim acordou com o som do despertador.
Não mais se preocupava consigo mesmo, mas sim com sua família, o que fariam dali pra frente? Joaquim nem imaginava como seria a vida das duas se ele morresse naquele dia.
Já estava com a roupa que iria trabalhar, já tinha tomado seu café matutino, estava a caminho do serviço.
Chegou em menos de 10 minutos de caminhada.
Logo que chegou à delegacia, já notou a ausência do amigo, e tinha a certeza que ele já estava no galpão esperando pelo sujeito que o abordaria.
Mal chegou a delegacia, o telefone do plantão tocou, e ele foi chamado para atender a ocorrência.
Era hora da verdade, ele sentia que era aquela a hora.
Joaquim entrou em uma viatura, e partiu para atender ao chamado.
Chegando ao local indicado pela voz ao telefone, notou a ausência de pessoas em um local que geralmente era movimentado. Realmente aconteceu algo, pensava Joaquim.
Ao descer da viatura, foi abordado por um rapaz com idade igual ou superior a sua, trajando uma jaqueta de couro preta, e uma calça jeans.
Joaquim adormecera devido à inalação de substancias posta a um pano que o abordador fez ele inalar.
Acordou meia hora depois, estava amarrado na cena descrita pelo amigo Rafael.
O sujeito estava sentado à sua frente quando ele acordou.
Com voz alta e em tom intimidador, o abordador começou interrogar-lhe.
Ouviu-se um disparo ao fundo.
Joaquim pode observar de frente ao meliante a morte rápida dele.
Seu amigo tinha conseguido.
Tinha interferido em sua morte.
Joaquim agora lhe devia a vida.
O amigo foi se aproximando de Joaquim.
Joaquim, com lágrimas nos olhos, procurava palavras para agradecer o amigo.
Rafael, com expressão de ódio, ordenou que Joaquim calasse a boca.
Joaquim assustou-se com o tom do amigo.
Rafael, antes de ser impedido de falar pelo Joaquim, continuou sua fala.
_ Você, no fundo, sabia que fui eu quem matou o Cidão, ou pelo menos desconfiava, Joaquim, eu sei, e não podia deixar que isso vazasse, então, inventei essa história toda de vidente para poder me vingar de ti.
Agi perfeitamente, peguei folhas antigas para repassar as ocorrências para não deixar duvidas a ti.
Quanto a esse morto que te abordou. Eu o contratei. Disse para ele fazer o serviço por mim, ele só não sabia que ia ter que morrer também, uma pena pra ele.
Chegou a sua hora Joaquim.
Joaquim estava tremulo e chorando ao ouvir o amigo lhe falar aquilo. E antes que pudesse proferir qualquer palavra ao seu favor, Rafael atirou em Joaquim fazendo seu corpo tombar inerte, e sem vida.
narduci, renato ferreira
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Horror na mansão
Passaram-se três meses e a gente ainda naquela casa, não sei como agüentamos ficar num lugar desses tanto tempo assim, a casa realmente era macabra. Talvez a casa me desse tanto medo pelo assassinato que teve nela com os antigos moradores, pensava eu, cada vez que eu ia para a varanda acender um cigarro e ouvir o bom e velho disco Led Zeppelin, ouvia barulhos dentro de casa, como se minhas filhas estivessem discutindo mais uma vez para ver quem iria ser o papai e a mamãe na brincadeira, sempre brigava com elas por atormentarem o único momento de sossego que eu tinha depois do meu exaustivo dia de serviço, e realmente, eu só não havia pedido a conta ainda, porque o salário era muito bom. Pensava estar ficando louco quando minha mulher falava que já havia colocado elas para dormir.
Seria possível que as almas das filhas do antigo dono estivessem ali? Me perguntava.
Deve ter sido algo realmente terrível, o pai chegar embriagado em casa, e após uma discussão com as filhas porque elas queriam ficar brincando até tarde, descer à cozinha escolher a faca ideal para executar o serviço, e mata-las.
Como um pai teria coragem de fazer aquilo com suas próprias filhas?
Com certeza não foi por influência do álcool.
Colocava-me no lugar dele, e, por mais bêbado, e estressado que eu estivesse, iria chegar em casa e beijar minhas filhas, até mesmo sentar no chão para brincar com elas, se assim elas quisessem.
E sim, durante esses três meses toda quinta-feira, eu nem sei porque na droga de quinta-feira, mas eram todas iguais naquela casa. Toda quinta eu e a minha mulher brigávamos, toda quinta eu não conseguia dormir direito com o barulho de passos no taco do quarto de brinquedos, e todas as quintas quando acordava tinha uma boneca no chão frente à porta do meu quarto, e não sei porque, mas, só eu que ouvia e via essas coisas. Tentava de diversas formas mudar o dia, mas sempre acabava sendo o mesmo, pelo menos dentro daquela casa.
Com minha mulher e meus amigos falando que eu estava ficando louco e que o serviço estava acabando comigo, realmente achei que o problema era esse, foi então que procurei ajuda de um psiquiatra. Para tentar sair da rotina, fui no psiquiatra numa quinta feira depois do serviço, que o qual, me medicou com remédios anti-estresse. Achei besteira gastar todo aquele dinheiro com remédios para desestressar, estava pensando em outra solução, férias talvez.
Chegando em casa, tirei minha roupa, e fui tomar um banho para relaxar um pouco, acabei meu banho coloquei uma cueca e deitei-me do lado de minha mulher para dormir. Sim eu tinha conseguido quebrar a rotina daquela quinta, acho que até por isso que eu consegui pegar no sono mais facilmente.
Acordei, olhei no relógio que indicava 3:15 da manhã, não costumava ter insônias, porque estaria acordado aquela hora?
Levantei-me e fui à cozinha, como se alguma coisa me chamasse lá, não algo que dava pra escutar, mas sim a sensação que eu estava tendo, de que era pra eu ir lá.
Cheguei à porta da cozinha, vi um senhor, aparentemente da minha idade de costas. Ele sem notar a minha presença; peguei uma faca em cima da mesa e parti pra cima do invasor, dei diversas facadas em suas costas. Enquanto eu me distanciava do corpo inerte, e em pé à minha frente ele se virou, e com um sorriso irônico disse-me:
_Eu já morri senhor! Estou aqui, para te dizer que entregue essa casa de volta para minha família, estou te pedindo para que saia dela; e sim, eu matei as minhas filhas, mais foi o maior erro da minha vida, e por isso que eu me matei logo após, não podia viver com essa culpa.
Chocado com o que aquele senhor estava me falando, não conseguia pronunciar uma só palavra, fiquei inerte vendo o corpo dele sumir à minha frente, junto com a marca de sangue deixada ao chão, à faca e ao meu corpo.
Fui dormir, teria sido uma alucinação? Perguntava-me. Não, não tinha sido uma alucinação.
Acordei para trabalhar, aquela monotonia do serviço me deixava pensando ainda mais no ocorrido, talvez teria sido melhor eu ter ouvido a voz das crianças brigando se misturando com a guitarra do Jimmy Page, teria sido mais normal.
Espera-ia uma semana a mais para ver o que aconteceria na próxima quinta? Ou me mudaria de lá?
Lógico que qualquer pessoa sensata se mudaria na hora, mas o que a família diria dele? A família toda gostava daquela casa.
Esperarei, me decidi.
A semana longa e sem novidades além daquele “normal - anormal” na casa encerrou-se.
Sim hoje é quinta feira, e o horário de eu voltar para casa está chegando.
Cheguei em casa, preferi fazer o mesmo de sempre. Fui até a varanda, coloquei o disco do Led para tocar, e acendi um cigarro. Eis que as crianças começam a gritar, não mais discutir como antes, mas sim gritos apavorantes como se precisassem de socorro. Repousei o cigarro ao cinzeiro, e subi ao quarto de brinquedos, de onde aparentemente vinham os barulhos. Antes não tivesse ido até lá.
Tal cena me trouxe à realidade, quando entrei no quarto pude me ver matando a facadas as minhas próprias filhas.
E sim, agora eu estava morto, eu tinha matado as minhas filhas e me matado logo após.
Minha mulher havia fugido de casa após encontrar nossas filhas e eu mortos.
narduci, renato ferreira
Seria possível que as almas das filhas do antigo dono estivessem ali? Me perguntava.
Deve ter sido algo realmente terrível, o pai chegar embriagado em casa, e após uma discussão com as filhas porque elas queriam ficar brincando até tarde, descer à cozinha escolher a faca ideal para executar o serviço, e mata-las.
Como um pai teria coragem de fazer aquilo com suas próprias filhas?
Com certeza não foi por influência do álcool.
Colocava-me no lugar dele, e, por mais bêbado, e estressado que eu estivesse, iria chegar em casa e beijar minhas filhas, até mesmo sentar no chão para brincar com elas, se assim elas quisessem.
E sim, durante esses três meses toda quinta-feira, eu nem sei porque na droga de quinta-feira, mas eram todas iguais naquela casa. Toda quinta eu e a minha mulher brigávamos, toda quinta eu não conseguia dormir direito com o barulho de passos no taco do quarto de brinquedos, e todas as quintas quando acordava tinha uma boneca no chão frente à porta do meu quarto, e não sei porque, mas, só eu que ouvia e via essas coisas. Tentava de diversas formas mudar o dia, mas sempre acabava sendo o mesmo, pelo menos dentro daquela casa.
Com minha mulher e meus amigos falando que eu estava ficando louco e que o serviço estava acabando comigo, realmente achei que o problema era esse, foi então que procurei ajuda de um psiquiatra. Para tentar sair da rotina, fui no psiquiatra numa quinta feira depois do serviço, que o qual, me medicou com remédios anti-estresse. Achei besteira gastar todo aquele dinheiro com remédios para desestressar, estava pensando em outra solução, férias talvez.
Chegando em casa, tirei minha roupa, e fui tomar um banho para relaxar um pouco, acabei meu banho coloquei uma cueca e deitei-me do lado de minha mulher para dormir. Sim eu tinha conseguido quebrar a rotina daquela quinta, acho que até por isso que eu consegui pegar no sono mais facilmente.
Acordei, olhei no relógio que indicava 3:15 da manhã, não costumava ter insônias, porque estaria acordado aquela hora?
Levantei-me e fui à cozinha, como se alguma coisa me chamasse lá, não algo que dava pra escutar, mas sim a sensação que eu estava tendo, de que era pra eu ir lá.
Cheguei à porta da cozinha, vi um senhor, aparentemente da minha idade de costas. Ele sem notar a minha presença; peguei uma faca em cima da mesa e parti pra cima do invasor, dei diversas facadas em suas costas. Enquanto eu me distanciava do corpo inerte, e em pé à minha frente ele se virou, e com um sorriso irônico disse-me:
_Eu já morri senhor! Estou aqui, para te dizer que entregue essa casa de volta para minha família, estou te pedindo para que saia dela; e sim, eu matei as minhas filhas, mais foi o maior erro da minha vida, e por isso que eu me matei logo após, não podia viver com essa culpa.
Chocado com o que aquele senhor estava me falando, não conseguia pronunciar uma só palavra, fiquei inerte vendo o corpo dele sumir à minha frente, junto com a marca de sangue deixada ao chão, à faca e ao meu corpo.
Fui dormir, teria sido uma alucinação? Perguntava-me. Não, não tinha sido uma alucinação.
Acordei para trabalhar, aquela monotonia do serviço me deixava pensando ainda mais no ocorrido, talvez teria sido melhor eu ter ouvido a voz das crianças brigando se misturando com a guitarra do Jimmy Page, teria sido mais normal.
Espera-ia uma semana a mais para ver o que aconteceria na próxima quinta? Ou me mudaria de lá?
Lógico que qualquer pessoa sensata se mudaria na hora, mas o que a família diria dele? A família toda gostava daquela casa.
Esperarei, me decidi.
A semana longa e sem novidades além daquele “normal - anormal” na casa encerrou-se.
Sim hoje é quinta feira, e o horário de eu voltar para casa está chegando.
Cheguei em casa, preferi fazer o mesmo de sempre. Fui até a varanda, coloquei o disco do Led para tocar, e acendi um cigarro. Eis que as crianças começam a gritar, não mais discutir como antes, mas sim gritos apavorantes como se precisassem de socorro. Repousei o cigarro ao cinzeiro, e subi ao quarto de brinquedos, de onde aparentemente vinham os barulhos. Antes não tivesse ido até lá.
Tal cena me trouxe à realidade, quando entrei no quarto pude me ver matando a facadas as minhas próprias filhas.
E sim, agora eu estava morto, eu tinha matado as minhas filhas e me matado logo após.
Minha mulher havia fugido de casa após encontrar nossas filhas e eu mortos.
narduci, renato ferreira
Introdução
Blog criado para publicação de meus contos.
Todos os contos aqui postados, são de minha autoria, e cabe apenas a mim altera-los ou não.
Caros leitores, espero que gostem.
Dúvidas ou sugestões podem ser encaminhadas ao meu e-mail; segue:
renatonarduci@hotmail.com
obrigado pela vossa atenção, e boa leitura.
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